sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

INVASÃO DO TERRITÓRIO DO SUL MATO GROSSENSE A GUERRA DO PARAGUAI


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Durante a guerra da Tríplice Aliança, quando o Brasil se uniu à Argentina e ao Uruguai para combater o Paraguai, o território sul mato-grossense foi palco de um de seus mais dramáticos episódios.
As forças militares paraguaias comandadas por Solano López sequestraram o navio brasileiro Marquês de Olinda capturando o presidente da província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Pouco mais de um mês depois, as tropas paraguaias invadiram o território sul mato-grossense, antes mesmo de uma declaração formal de guerra ao Brasil. Na verdade, Solano López e suas tropas tinham em mente uma política expansionista, e pretendiam criar o "Paraguai Maior", anexando regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil, como Rio Grande do Sul e Mato Grosso, e ganhar acesso ao Oceano Atlântico, imprescindível para a continuação do progresso econômico do Paraguai. 
Em dezembro de 1864, a colônia Militar de Dourados no sul de Mato Grosso, foi invadida pelas tropas paraguaias comandadas por Francisco Isidoro Resquin. A guarnição brasileira sob o comando de Antônio João Ribeiro lutou até o último soldado ter perdido a vida. Pouco tempo depois, outro destacamento militar paraguaio, sob a liderança de Resquin, atravessou o rio Apa e entrou em território brasileiro por Bela Vista. Nioaque, Miranda e Coxim foram ocupados. 
Com o aprisionamento no Rio Paraguai da Canhoneira Amambaí, pertencente à Marinha do Brasil, e uma vez declarada a guerra, após a invasão do sul mato grossense pelo exército paraguaio, o Governo Imperial brasileiro enviou um contingente militar terrestre para combater os invasores em Mato Grosso. Em 1865, foi organizada a Força Expedicionária de Mato Grosso com 3 mil homens vindos do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, percorrendo mais de 2 mil quilômetros a pé até alcançar Coxim. Essa cidade, no entanto, encontrava-se deserta e saqueada, o mesmo tendo ocorrido em Miranda e em outros povoamentos do sul mato grossense. Suas populações, ou haviam fugido, ou sido mortas, ou levadas reféns para o Paraguai, onde executaram trabalhos forçados.
Enfrentando adversidades, a exaustão e a falta de alimentos, que não encontravam nas cidades abandonadas, as tropas brasileiras somente resistiram graças às doações do gado de sua própria família feitas por José Francisco Lopes  para alimentá-las, já nos limites do território brasileiro. José Francisco Lopes, que tivera a família sequestrada pelos paraguaios, tornou-se voluntário e guiava as tropas brasileiras. Mesmo com sua ajuda e o conhecimento do território, era grande a perda de brasileiros. Dos 2.780 homens que originalmente faziam parte daquele destacamento, em janeiro de 1867, quando alcançaram a fronteira paraguaia, restavam somente 1.680.
Nesse mesmo mês, o coronel Carlos de Morais Camisão assumiu o comando da coluna e invadiu o território paraguaio. Os brasileiros conseguiram penetrar até Laguna, atual município de Bela Vista, a qual alcançou em abril. Longes das linhas brasileiras e sem víveres para o sustento das tropas, afligida por doenças como cólera, tifo e beribéri, a coluna do Exército brasileiro teve de se retirar sob os constantes ataques da cavalaria paraguaia, que utilizavam táticas de guerrilha à moda indígena, infligindo perdas severas aos brasileiros. Nessa retirada, no entanto, a atuação do guia Lopes foi vital para impedir um total massacre dos brasileiros. Mostrou os caminhos aos soldados brasileiros por terras sul-mato-grossenses e despistou o inimigo em um terreno difícil. Entre os brasileiros se encontrava o Visconde de Taunay, que mais tarde escreveria um livro (Inocência) sobre o assunto. Somente 700 homens sobreviveram, mas sem o guia Lopes poderiam ter morrido muitos mais. 
Em 1867, sob o comando de Caxias, o exército brasileiro foi reorganizado, inclusive com a obtenção de armamentos e suprimentos, o que aumentou a eficiência das operações militares. As tropas brasileiras venceram sucessivas batalhas, decisivas para a derrota do Paraguai.
No início de 1869, o exército tomou Assunção, capital do Paraguai. A guerra chegou ao fim em março 1870. As tropas brasileiras, sob o comando do conde d'Eu, marido da princesa Isabel travaram batalha final em Cerro Corá, ocasião em que o ditador Solano López foi perseguido, ferido a lança pelo cabo Chico Diabo e depois baleado e morto, nas barrancas do arroio Aquidabanigui, após recusar-se à rendição. Depois de Cerro Corá, as tropas brasileiras ficaram eufóricas, assassinando civis, pondo fogo em acampamentos e matando feridos e doentes que se encontravam nos ranchos.
Quando terminou a Guerra do Paraguai em 1 de março de 1870, o processo de povoamento da região sul mato-grossense, que começava a se acelerar na primeira metade do século XIX, havia em muitos locais cessados. No centro, oeste e sul do atual estado de Mato Grosso do Sul, encontravam-se propriedades e povoados abandonados ou destruídos, estando as populações dispersas e abatidas pela fome, miséria e doenças. O saldo final da guerra foi desastroso. O Paraguai teve cerca de 80% de sua população de jovens e adultos morta. O país sofreu uma enorme recessão econômica que empobreceu o Paraguai durante muito tempo. Com o final da guerra, o Brasil conservou suas posses na região do Prata.
A única região em que a vida continuou a um passo regular foi a região leste e nordeste do estado, onde a frente colonizadora da família Garcia Leal e seus agregados aos poucos se expandia ao sul da cidade de Paranaíba para na década de 1880 colonizar o município de Três Lagoas.
Ao contrário do que aconteceu no restante das terras sul-mato-grossenses, as propriedades desta região nunca se encontraram devolutas ou improdutivas devido à guerra. Foram por esse motivo que, estando essas terras ocupadas, as próximas frentes colonizadoras a adentrar o sul mato grossense não se demoraram nesta área, muito embora fosse muito atraente do ponto de vista econômico.
Uma vez terminada a Guerra do Paraguai, aqueles soldados que no sul mato grossense haviam estado passaram a relatar, ao retornarem a suas províncias de origem, as gigantescas terras devolutas existentes em Mato Grosso. Iniciou-se, assim, um massivo processo de migração regional para a área, com povoadores, sobretudo, oriundos de províncias como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia.
Datam deste período a ocupação, por exemplo, de municípios como Campo Grande e Sidrolândia, assim como a reocupação da área de Dourados. Nessas localidades, estabeleceram-se extensas fazendas de pecuária que faziam uso do pasto nativo existente na região com vegetação gramínea ideal para a criação de gado. Nessa área estabeleceu-se José Antônio Pereira com seu filho Antônio Luiz, os escravos João Ribeira e Manoel e o sertanista Luiz Pinto Guimarães. Vindos por Goiás, passaram pelo atual município de Costa Rica, próximo a frente colonizadora dos Garcia Leal, e adentraram o sul mato grossense até sua área central, na confluência dos córregos Segredo e Prosa.
Assim, em meio à falta de perspectiva que abatia o sul mato grossense, criavam-se oportunidades para guinadas nos rumos, especialmente devido à presença de terras férteis em grande quantidade e às possibilidades de atividades extrativas. O crescente comércio internacional foi fator predominante para a reocupação da fronteira oeste brasileira, feita possível pelos dois primeiros ciclos econômicos sul-mato-grossenses: o ciclo da erva-mate e o ciclo do gado.



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E UTILIZADA
http://www.achetudoeregiao.com.br
http://pt.wikipedia.org
http://grupodeestudosenemalcina.blogspot.com.br
http://pt.wikibooks.org
http://www.portalms.com.br
http://www.mochileiro.tur.br

http://www.infoescola.com

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