Em sua ocupação inicial, as
bacias fluviais do rio Paraguai e do Paraná exerceram um papel de
grande relevância, visto que através de seus cursos os espanhóis adentraram
naquela região, desde o estuário do Rio da Prata, em direção ao norte
procurando riquezas minerais. De forma contrária, os bandeirantes, com
o objetivo de alcançar o antigo Mato Grosso, subiram pelas águas
do rio Tietê, Grande, Sucuri, Pardo, Verde e Ivinhema até alcançar a vertente
do rio Paraguai. Desde estes cursos fluviais os bandeirantes se dirigiram ao
norte em busca de ouro.
A
conquista e a ocupação efetiva do Mato
Grosso do Sul foi consequência da atividade pecuária e, posteriormente da
agricultura, já que o processo de povoamento originado com as tarefas de
extração vegetal, especialmente erva-mate, causou uma ocupação dispersa,
mesmo assim atraíram brasileiros e paraguaios que criaram as cidades de Ponta
Porã e Porto Murtinho.
Por outro
lado, o prolongamento da antiga linha férrea noroeste do Brasil, no começo do
século XX, constituiu um dos elementos que impulsionaram o desenvolvimento
demográfico e da economia do estado, até então praticamente
subordinado às vias fluviais. Na realidade, as vias férreas revitalizaram
povoados como Campo Grande e Aquidauana, Corumbá, fundada no século XVIII, que
passou a ser o porto brasileiro mais importante no rio Paraguai.
A primeira
tentativa de se criar um novo Estado ocorreu em 1892, por iniciativa de alguns
revolucionários liderados pelo coronel João da Silva Barbosa.
O movimento divisionista também
recebeu influência político-econômica da
empresa Companhia Mate Laranjeira, criada pelo gaúcho Thomaz Laranjeira para
explorar os vastos ervais nativos existentes na região. Thomaz Laranjeira
praticamente constituiu um “Estado dentro de um Estado”. Sua empresa executava
atribuições típicas de um Estado, como o policiamento, cobrança de taxas,
emissão de autorizações, imposição de normas e regras de comportamento social,
imposição da ordem pública e de proibições diversas.
Durante o período Vargas
(1930-1945), os políticos e lideranças regionais tentaram junto ao governo
central, por diversas vezes, a criação de um Estado, na área compreendida pela
zona de influência da Cia. Mate Laranjeira, porém os seus esforços foram em
vão, haja vista a intervenção política de Cuiabá. Por ocasião do movimento
constitucionalista em São Paulo, os líderes regionais apoiaram os
revolucionários paulistas com o intuito de conseguir o apoio destes à causa
divisionista. Muitos jovens da região de Campo Grande, Ponta Porã e Dourados
foram combater as tropas federalistas em território paulista, em apoio à
Revolução Constitucionalista de 1932.
Neste período chegaram a criar o
esboço de um estado, denominado “Estado de Maracajú”, tendo por capital a
cidade de Campo Grande e como “governador”, o ex-prefeito de Campo Grande, o
renomado médico Dr. Vespasiano Martins e instalando o palácio do governo no
prédio da Maçonaria. O Estado de Maracajú concretizou, entre 11 de julho até
fins de outubro de 1932, um anseio regional já manifestado desde o início do
século XX: o Sul independente do Norte.
A capital, Cuiabá, rejeita a ideia
de divisão, pois temia o esvaziamento econômico do Estado porque a região sul
era a mais rica e povoada; os Estados vizinhos, temerosos de que ocorresse
igual movimento divisionistas neles, apoiaram os políticos cuiabanos.
Com o término dos combates e a
derrota dos revolucionários, os mato-grossenses retornaram para a sua terra e
continuaram suas lidas diárias; porém o ideal divisionista não tinha morrido e,
vez por outra, renascia em inflamados discursos políticos locais. Para evitar o
ressurgimento de embates políticos com possíveis combates, o governo federal
criou o Território Federal de Ponta Porã, com governo militar.
Em 1932,
foi criada a Liga Sul - Matogrossense, propugnada pela autonomia do sul, em
1934 e 1946, foram encaminhados abaixo- assinados aos constituintes federais,
solicitando a criação do novo estado.
Na década
de 40, O Campograndense (jornal dirigido, na época, por Paulo Coelho Machado)
desencadeou uma campanha ostensiva pela divisão do Estado; foi fechado sem
maiores explicações, pelo interventor federal Júlio Muller.
Em 1974, o
governo federal, pela Lei Complementar nº 20, estabeleceu a legislação básica
para a criação de novos estados e territórios; reacendeu-se a campanha pela
autonomia, em 1976 a Liga Sul - Matogrossense, presidida por Paulo Coelho
Machado, liderou nova campanha, contando com a oposição do então governador,
José Garcia Neto.
Durante o governo de Ernesto Geisel
surgiram novas vozes políticas que despertaram no Presidente da República o
desejo de revisar os projetos de criação de um Estado federal ao sul de Mato
Grosso. Após estudos técnicos e entendimentos com os políticos de Cuiabá, em 11
de outubro de 1977 o Presidente Ernesto Geisel assinou o Decreto-Lei nº 31,
desmembrando Mato Grosso do Sul de Mato Grosso. Implantado oficialmente em 1º
de janeiro de 1979, possuía, à época da sua criação, 55 municípios e se
constituía na porção mais rica e povoada do antigo estado de Mato Grosso. Em 31
de março de 1978, o engenheiro Harry Amorim Costa era nomeado Governador do
Estado.
Duas razões essenciais foram
invocadas pelo governo federal para justificar o desmembramento: o fato de ter
o Estado do Mato Grosso uma área grande para comportar uma administração
eficaz; e a diferenciação ecológica entre as duas áreas, sendo Mato Grosso do
Sul uma região de campos, particularmente indicada para a agricultura e a
pecuária, e Mato Grosso, na entrada da Amazônia, uma região bastante menos
habitada e explorada, e em grande parte coberta de florestas.
Bibliografia consultada e utilizada
http://historica.com.br/colunas/como-foi-criado-o-mato-grosso-do-sul
http://www.portaleducarbrasil.com.br/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=203941
http://www.infoescola.com/mato-grosso-do-sul/historia-do-mato-grosso-do-sul/
pesquisa no blog: https://profgilbertocantu.blogspot.com/p/mato-grosso-do-sul.html