quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

FOLCLORE DO MATO GROSSO DO SUL - LENDAS

Lendas folclóricas são parte da cultura e, consequentemente da vida de diferentes gerações que passam essas histórias para as próximas. Hoje, com o acesso à internet, é difícil imaginar essa realidade, mas até o século passado era comum acreditar nas histórias contadas pelos avós sobre assombrações da madrugada ou seres místicos que vivem na natureza.
Folclore regional é constituído por elementos e traços culturais de diferentes culturas que se entrelaçam, se misturam e se harmonizaram recriando-os em novas bases, algumas relembram clássicos como Saci-pererê, Curupira e Iara.
As influências culturais recebidas de estados vizinhos fazem com que Mato Grosso do Sul apresenta peculiaridades diferenciadas dos demais estados brasileiros, principalmente, porque somam às influências e trocas culturais nas regiões de fronteira com o Paraguai e a Bolívia.
 Dia  22 de Agosto é comemorado o Dia Nacional do Folclore, e para ilustrar a data separamos 9 lendas de Mato Grosso do Sul e região que com certeza vão te trazer calafrios e tirar seu sono à noite. Confira:

João de Barro

Dia do Folclore: 9 lendas do MS que talvez você não conheça
(Reprodução, Dario Sanches)
A lenda João-de-barro é difundida em todo o Estado, pois se trata de um pequeno pássaro que constrói sua casa em todos os cantos do pantanal, dos campos e dos cerrados, lembrando-se de colocar a porta do lado contrário às chuvas frequentes. Caso a companheira o traia, João-de-barro a tranca definitivamente na casinha, fechando a porta para sempre.

Mãozão ou Pai do Mato

(Mãozão – Daltro Júnior)
 É descrito como um bicho peludo, inicialmente assemelha-se a anta, em seguida cresce vertiginosamente, transformando-se em um homem negro, cabeludo e barbudo. Os crédulos afirmam que ao passar sua mão pela cabeça de uma pessoa, esta ficará louca. Apesar do nome, o Mãozão não possui mãos grandes;   elas, porem, são extremamente poderosas, de onde resulta a denominação do personagem.

Minhocão

Dia do Folclore: 9 lendas do MS que talvez você não conheça
(Minhocão – Sérgio Botelho)
O Minhocão tem grande semelhança com a Boiúna do Amazonas. Segundo pesquisas, o Minhocão é uma espécie de serpente longa e cabeçuda, não tendo cor definida, mas sabe-se que é escura devido ao seu habitat. Vive sob o barro das barrancas do rio e ao passar deixa marcas no chão, em forma da sua imensa cabeça. Quando fica zangado e faminto, serpenteia no rio de tal forma que derruba as embarcações, devorando pescadores e afundando canoas.
Alguns dizem que produz imenso ruído ao se aproximar e os mais crédulos preferem referir-se a ele como o bicho. Pode acontecer que a pessoa, ao presenciar a um ataque do Minhocão, não supere o fato e enlouqueça. As lendas dizem que não se pode reformar ou restaurar a igreja matriz, pois o minhocão encontra-se preso pelos fios de cabelo de Nossa Senhora.

Sinhozinho

(Sinhozinho – Reprodução)
Na região de Bonito, tem o mito do Sinhozinho, um frei que andou pregando ensinamentos religiosos pela região nos anos 30. Pequenino, mudo, benzia, curava e se comunicava, mesmo sem dispor de voz. Desapareceu sem deixar vestígios, mas sua presença foi marcada pelas obras que fez, pelas cruzes e capela que construiu.
Uma das histórias contadas pelo povo é que Sinhozinho teria prendido, em um grande buraco de um dos morros da cidade, uma cobra gigante, selando com uma de suas cruzes. Se a mesma for descoberta e retirada a cobra sairá e poderá devorar os moradores da cidade. Em torno desse personagem, existem vários causos que cada contador enfoca um aspecto diferente. Outra fala que a retirada da cruz inundaria a cidade de Bonito.

Tuiuiú

Dia do Folclore: 9 lendas do MS que talvez você não conheça
(Reprodução)
Tem uma lenda conhecida, que explica a tristeza do jaburu, ave símbolo do pantanal, mais conhecida como tuiuiú. As aves sempre foram alimentadas por um casal de índios que, após a morte, foi enterrado no local onde costumava alimenta-las. Os tuiuiús, em busca de alimentos, ficam sobre o monte de terra que cobria os corpos do casal, esperando que de lá saíssem algumas migalhas para alimenta-los. Como isso não ocorreu, ficavam cada vez mais tristes, olhando em direção ao chão. É por esse motivo que os tuiuiús parecem estar sempre tristes, olhando em direção ao solo.

Pé-de-Garrafa

(Pé de Garrafa – Contos de Horror)
O bicho Pé-de-Garrafa é um dos mitos mais conhecidos em Mato Grosso do Sul. Descrito como um bicho homem, cujo corpo é coberto de pelos, exceto ao redor do umbigo, dando a impressão de ter coloração branca, ponto vulnerável ao mostro. Alguns afirmam que tem cara de cavalo com um só olho no meio da testa, outros juram que tem cara de gorila e, outros ainda têm caras de cachorros.
A grande maioria descreve o bicho como possuidor de apenas um pé (embora poucos digam que ele tem dois pés), no formato de um fundo de garrafa. Isso faz com que se locomova aos pulos, como se fosse um canguru, deixando no chão, um rastro com marca de fundo de garrafa. Solta fortes assobios para comunicar que é dono do território, podendo até hipnotizar aquele que se atreve a encara-lo. A vítima é levada para sua caverna, onde é devorada, rezam as lendas.

Come-língua

Dia do Folclore: 9 lendas do MS que talvez você não conheça
(Come-língua – Sacizal dos Pererês)
Come-língua é outro ser que povoa o imaginário das pessoas que moram na região do bolsão. É uma variante do Arranca-língua, lenda do Araguaia, trazida pelos goianos. Trata-se de um bicho que vive a arrancar a língua dos animais, que são encontrados mortos no pasto, sem vestígios de ataques de outros animais.
Em Mato Grosso do Sul, o mito apresenta-se de forma de um menino-bicho. Quando vivia, o menino era mentiroso e sua mãe, antes de morrer, rogou-lhe uma praga. Tempos depois, o menino foi encontrado morto e sem língua. Numa ocasião, um fazendeiro encontrou um gado morto no pasto e viu correr, no meio da mata, o menino com uma língua ensanguentada nas mãos verificando que o gado não mais possuía língua.

Negro-d’água

(Negro d’agua – Só História)
O Negro-d’água é outra das lendas da mesma região, uma espécie de bicho-homem peludo que vive nos rios, assustando pescadores e afundando embarcações. Também conhecido como Caboclo d’água em outras regiões é uma espécie de Saci-Pererê do rio, que vive fazendo travessuras com os pescadores. Andam em bandos e, no fundo dos rios, há a cidade dos negrinhos d’água. Ás vezes, quando capturam um pescador, rezam as lendas, o leva para o fundo do rio para dar-lhe surras.

Mãe-d’água

Dia do Folclore: 9 lendas do MS que talvez você não conheça
(Mãe d’agua – Hipercultura)
Parente da sereia mantém o mesmo hábito de se pentear em cima de uma grande pedra. Nos dias em que o pescador não consegue pegar peixe, dizem se tratar da benção da mãe d’água sobre o anzol. Protetora dos peixes é considerada um mito ecológico.

A CRIAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL


Em sua ocupação inicial, as bacias fluviais do rio Paraguai e do Paraná exerceram um papel de grande relevância, visto que através de seus cursos os espanhóis adentraram naquela região, desde o estuário do Rio da Prata, em direção ao norte procurando riquezas minerais. De forma contrária, os bandeirantes, com o objetivo de alcançar o antigo Mato Grosso, subiram pelas águas do rio Tietê, Grande, Sucuri, Pardo, Verde e Ivinhema até alcançar a vertente do rio Paraguai. Desde estes cursos fluviais os bandeirantes se dirigiram ao norte em busca de ouro.
A conquista e a ocupação efetiva do Mato Grosso do Sul foi consequência da atividade pecuária e, posteriormente da agricultura, já que o processo de povoamento originado com as tarefas de extração vegetal, especialmente erva-mate, causou uma ocupação dispersa, mesmo assim atraíram brasileiros e paraguaios que criaram as cidades de Ponta Porã e Porto Murtinho.
Por outro lado, o prolongamento da antiga linha férrea noroeste do Brasil, no começo do século XX, constituiu um dos elementos que impulsionaram o desenvolvimento demográfico e da economia do estado, até então praticamente subordinado às vias fluviais. Na realidade, as vias férreas revitalizaram povoados como Campo Grande e Aquidauana, Corumbá, fundada no século XVIII, que passou a ser o porto brasileiro mais importante no rio Paraguai.
A primeira tentativa de se criar um novo Estado ocorreu em 1892, por iniciativa de alguns revolucionários liderados pelo coronel João da Silva Barbosa.
O movimento divisionista também recebeu  influência político-econômica da empresa Companhia Mate Laranjeira, criada pelo gaúcho Thomaz Laranjeira para explorar os vastos ervais nativos existentes na região. Thomaz Laranjeira praticamente constituiu um “Estado dentro de um Estado”. Sua empresa executava atribuições típicas de um Estado, como o policiamento, cobrança de taxas, emissão de autorizações, imposição de normas e regras de comportamento social, imposição da ordem pública e de proibições diversas.
Durante o período Vargas (1930-1945), os políticos e lideranças regionais tentaram junto ao governo central, por diversas vezes, a criação de um Estado, na área compreendida pela zona de influência da Cia. Mate Laranjeira, porém os seus esforços foram em vão, haja vista a intervenção política de Cuiabá. Por ocasião do movimento constitucionalista em São Paulo, os líderes regionais apoiaram os revolucionários paulistas com o intuito de conseguir o apoio destes à causa divisionista. Muitos jovens da região de Campo Grande, Ponta Porã e Dourados foram combater as tropas federalistas em território paulista, em apoio à Revolução Constitucionalista de 1932.
Neste período chegaram a criar o esboço de um estado, denominado “Estado de Maracajú”, tendo por capital a cidade de Campo Grande e como “governador”, o ex-prefeito de Campo Grande, o renomado médico Dr. Vespasiano Martins e instalando o palácio do governo no prédio da Maçonaria. O Estado de Maracajú concretizou, entre 11 de julho até fins de outubro de 1932, um anseio regional já manifestado desde o início do século XX: o Sul independente do Norte.
A capital, Cuiabá, rejeita a ideia de divisão, pois temia o esvaziamento econômico do Estado porque a região sul era a mais rica e povoada; os Estados vizinhos, temerosos de que ocorresse igual movimento divisionistas neles, apoiaram os políticos cuiabanos.
Com o término dos combates e a derrota dos revolucionários, os mato-grossenses retornaram para a sua terra e continuaram suas lidas diárias; porém o ideal divisionista não tinha morrido e, vez por outra, renascia em inflamados discursos políticos locais. Para evitar o ressurgimento de embates políticos com possíveis combates, o governo federal criou o Território Federal de Ponta Porã, com governo militar.
Em 1932, foi criada a Liga Sul - Matogrossense, propugnada pela autonomia do sul, em 1934 e 1946, foram encaminhados abaixo- assinados aos constituintes federais, solicitando a criação do novo estado.
Na década de 40, O Campograndense (jornal dirigido, na época, por Paulo Coelho Machado) desencadeou uma campanha ostensiva pela divisão do Estado; foi fechado sem maiores explicações, pelo interventor federal Júlio Muller.
Em 1974, o governo federal, pela Lei Complementar nº 20, estabeleceu a legislação básica para a criação de novos estados e territórios; reacendeu-se a campanha pela autonomia, em 1976 a Liga Sul - Matogrossense, presidida por Paulo Coelho Machado, liderou nova campanha, contando com a oposição do então governador, José Garcia Neto.
Durante o governo de Ernesto Geisel surgiram novas vozes políticas que despertaram no Presidente da República o desejo de revisar os projetos de criação de um Estado federal ao sul de Mato Grosso. Após estudos técnicos e entendimentos com os políticos de Cuiabá, em 11 de outubro de 1977 o Presidente Ernesto Geisel assinou o Decreto-Lei nº 31, desmembrando Mato Grosso do Sul de Mato Grosso. Implantado oficialmente em 1º de janeiro de 1979, possuía, à época da sua criação, 55 municípios e se constituía na porção mais rica e povoada do antigo estado de Mato Grosso. Em 31 de março de 1978, o engenheiro Harry Amorim Costa era nomeado Governador do Estado.
Duas razões essenciais foram invocadas pelo governo federal para justificar o desmembramento: o fato de ter o Estado do Mato Grosso uma área grande para comportar uma administração eficaz; e a diferenciação ecológica entre as duas áreas, sendo Mato Grosso do Sul uma região de campos, particularmente indicada para a agricultura e a pecuária, e Mato Grosso, na entrada da Amazônia, uma região bastante menos habitada e explorada, e em grande parte coberta de florestas.
Bibliografia consultada e utilizada
http://historica.com.br/colunas/como-foi-criado-o-mato-grosso-do-sul
http://www.portaleducarbrasil.com.br/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=203941
http://www.infoescola.com/mato-grosso-do-sul/historia-do-mato-grosso-do-sul/

ORTOGRAFIA - DICAS