terça-feira, 17 de abril de 2012

QUINHENTISMO


Depois de 1500 , o Brasil ficou praticamente isolado da política colonialista portuguesa . Nenhuma riqueza se oferecia aqui às necessidades mercantilistas da época . Só depois de 30 anos da descoberta é que a exploração começou a ser feita de forma sistemática e , assim mesmo , de maneira bastante lenta e gradativa . 

O primeiro produto que atraiu a atenção dos portugueses para a nova terra foi o pau-brasil , uma madeira da qual se extraia uma tinta vermelha que tinha razoável mercado na Europa . Para sua exploração , não movimentaram grande volume de capital , cuidado que a monarquia lusitana , sempre em estado de falência , precisava tomar . Nada de vilas ou cidades , apenas algumas fortificações precárias , para proteção da costa . Esse quadro sofreria modificações profundas ao longo do século XVI .
Sem o estabelecimento de uma vida social mais ou menos organizada , a vida cultural sofreria de escassez e descontinuidade . A crítica literária costuma periodiza o início da história da literatura brasileira com o Barroso , em 1601. Como se vê , já no século XVII . Assim , uma pergunta se impõe : o que aconteceu no Brasil entre 1500 e 1600 , no âmbito da arte literária . 

Esse período , denominado de "Quinhentismo ", apesar de não ter apresentado nenhum estilo literário articulado e desenvolvido , mostrou algumas manifestações que merecem consideração . Podemos destacar duas tendências literárias dentro do Quinhentismo brasileiro : a Literatura de Informação e a Literatura dos Jesuítas .
A LITERATURA DE INFORMAÇÃO
Durante o século XVI , sobretudo a partir da 2a. metade , as terras então recém-descobertas despertaram muito interesse nos europeus . Entre os comerciantes e militares , havia aqueles que vinham para conhecer e dar notícias sobre essas novas terras , como o escrivão Pero Vaz de Caminha , que acompanhou a expedição de Pedro Álvares Cabral , em 1500 .
Os textos produzidos eram , de modo geral , ufanistas , exagerando as qualidades da terra , as possibilidades de negócios e a facilidade de enriquecimento . Alguns mais realistas deixavam transparecer as enormes dificuldades locais , como locomoção , transporte , comunicação e orientação . 

O envolvimento emocional dos autores com os aspectos sociais e humanos da nova terra era praticamente nulo . E nem podia ser diferente , uma vez que esses autores não tinham qualquer conhecimento sobre a cultura dos povos silvícolas . Parece ser inclusive exagerado considerar tais textos como produções literárias , mas a tradição crítica consagrou assim .
Seguem alguns trechos da famosa Carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao Rei D. Manuel de Portugal , por ocasião da descoberta do Brasil .
"E neste dia , a hora de véspera , houvemos vista de terra , isto é principalmente d'um grande monte , mui alto e redondo , e d'outras serras mais baixas a sul dele de terra chã com grandes arvoredos , ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e à Terra de Vera Cruz . 

A feição deles é serem pardos , maneira d'avermelhados , de bons narizes , bem feitos . Andam nus , sem nenhuma cobertura , nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas . E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto .
Os outros dois , que o capitão teve nas naus , a quem deu o que já dito é , nunca aqui mais apareceram , de que tiro ser gente bestial e de pouco saber e por isso assim esquivos . Eles , porém , com tudo , andam muito bem  curados e muito limpos e naquilo me aprece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas , porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão formosos , que não pode mais ser . E isto me fez presumir que não têm casas em moradas em que se acolham . E o ar , a que se criam , os faz tais . " 

A LITERATURA DOS JESUÍTAS
A título de catequizar o "gentio"e , mais tarde , a serviço da Contra-Reforma Católica , os jesuítas logo cedo se fizeram presentes em terras brasileiras . Marcaram essa presença não só pelo trabalho de aculturação indígena , mas também através da produção literária , constituída de poesias de fundamentação religiosa , intelectualmente despojadas , simples no vocabulário fácil e ingênuo. 

Também através do teatro , catequizador e por isso mesmo pedagógico , os jesuítas realizaram seu trabalho . As peças , escritas em medida velha , mesclam dogmas católicos com usos indígenas para que , gradativamente , verdades cristãs fossem sendo inseridas e assimiladas pelos índios . O autor mais importante dessa atividade é o Padre José de Anchieta . Além de autor dramático , foi também poeta e pesquisador da cultura indígena , chegando a escrever um dicionário da língua tupi-guarani .
Em suas peças , Anchieta explorava o tema religioso , quase sempre opondo os demônios indígenas , que colocavam as aldeias em perigo , aos santos católicos , que vinham salvá-las . Vejamos um trecho de uma de suas peças mais conhecidas , o Autor de São Lourenço .
 Durante o século XVI a literatura portuguesa se espelhava nos clássicos: Virgílio, Homero; no Brasil não haviam sequer muitas pessoas que soubessem ler. A maioria das obras escritas no Brasil na época não foram feitas por brasileiros, mas sobre o Brasil por visitantes. Elas são chamadas Literatura de Informação. Apenas dois autores da época podem ser considerados autores brasileiros: Bento Teixeira, o primeiro poeta do Brasil, e José de Anchieta, iniciador do teatro barsileiro. 

Pero Vaz de Caminha
Pero Vaz de Caminha (1450?-1500) era o escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral e o autor da "certidão de nascimento" do Brasil. Em 1499 Caminha foi nomeado escrivão da feitoria que Cabral fundaria nas Índias. Quando Cabral chegou "acidentalmente" no Brasil, foi Caminha que escreveu ao rei de Portugal relatando a "descoberta". Do Brasil Caminha partiu para a Índia, onde morreu no final do mesmo ano nas lutas entre portugueses e muçulmanos. A Carta de Caminha ficou inédita por cerca de 300 anos, mas quando foi publicada, em 1817, ajudou a esclarecer várias questões sobre o descobrimento.
"Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! " Carta de Caminha
Pero de Magalhães Gândavo
Pero de Magalhães Gândavo ( ? - 1576?) foi um cronista que escreveu dois livros sobre o Brasil, sendo sua obra uma das melhores da Literatura de Informação. Professor de Latim, amigo de Camões (a quem dedicou uma de suas obras) e gramático, viveu algum tempo no Brasil e sobre o país escreveu Tratado da Terra do Brasil e História da Província Santa Cruz. Neles descreve a Geografia e a História das capitanias que visitou. 

"Quezera escrever mais miudamente das particularidades desta província do Brasil, mas porque satisfizesse a todos com brevidade guardei-me de ser comprido; posto que os louvores da terra pedissem outro livro mais copioso e de maior volume, onde se compreendessem por extenso as excelências e diversidades das cousas que ha nella pera remédio e proveito dos homens que la forem viver." Tratado da Terra do Brasil
"A causa principal que me obrigou a lançar mão da presente historia, e sair com ella a luz, foi por não haver atégora pessoa quea emprendesse, havendo já setenta e tantos annos que esta Provincia he descoberta. A qual historia creio que mais esteve sepultada em tanto silencio, pelo pouco caso que os portuguezes fizerão sempre da mesma provincia, que por faltarem na terra pessoas de engenho, e curiosas que per melhor estillo, e mais copiosamente que eu a escrevessem." História da Província Santa Cruz
 
Bento Teixeira
Bento Teixeira (1560-1618) escreveu a primeira obra de literatura brasileira: Prosopopeia, inspirada em Os Lusíadas, quando tinha apenas 20 anos. Apesar de natural de Portugal, pode ser considerado um escritor brasileiro por que se mudou para cá ainda criança e escreveu no Brasil sobre o Brasil e para brasileiros. 

José de Anchieta
O padre José de Anchieta (1534-1597) foi uma das grandes figuras do primeiro século de história do Brasil. Nascido nas Ilhas Canárias, domínio espanhol, tinha parentesco com Inácio de Loiola. De saúde frágil e dedicado aos estudos, Anchieta tornou-se jesuítas aos 17 anos de idade e naquele mesmo ano partiu para o Brasil. No Brasil Anchieta criou o teatro brasileiro: autos para a catequese dos índios. Também fez poesia em latim e escreveu tratados sobre o Brasil.
"Teme a Deus, juiz tremendo,
que em má hora te socorra,
em Jesus tão só vivendo,
pois deu sua vida morrendo
para que tua morte morra." Auto de São Lourenço

Fonte: Profa. Beatriz

CLASSICISMO


Classicismo é a doutrina estética que dá ênfase à ordem, ao equilíbrio e à simplicidade.Os antigos gregos foram os primeiros grandes clássicos.Posteriormente, os romanos, os franceses, os inglesese e outros povos produziram movimentos clássicos.Cada grupo desenvolveu suas próprias características particulares, mas todos refletiam idéias comuns sobre a arte, o homem, o mundo.

O Classicismo confere maior importância às faculdades intelectuais do que às emocionais na criação da obra de arte, porque busca a expressão de valores universais acima dos particularismos individuais ou nacionais.Inspirando-se no modelo da Antiguidade clássica greco-romana e no Renascentismo italiano, estabeleceu princípios ou normas, como a harmonia das proporções, a simplicidade e equilíbrio da composição e a idealização da realidade.recusa, portanto,a emotividade e exuberância decorativa do barroco.
Classicismo
No período compreendido entre 1450 e 1600 surgiu na Europa, principalmente na Itália, um movimento chamado Renascimento, que foi o responsável por uma radical transformação do homem no que diz respeito à religião, à filosofia, ao amor, à política, enfim, à maneira de encarar a vida.
 Foi em Florença, terra natal de Dante e Giotto, que um grupo de artistas se dispôs a criar uma nova arte e a romper com as idéias do passado. Florença é considerada, portanto, o berço do Renascimento.O Renascimento tem três significados que o definem: a antigüidade, a humanidade e a universalidade.

A antigüidade redescobriu as obras literárias, históricas e filosóficas da civilização greco-romana, tendo o Renascimento traduzido, restaurado e explicado grande parte de obras literárias da Antigüidade Clássica. Mas afinal, renascer o quê? Renascer o modo de pensar, o modelo político, as formas estéticas, a mitologia, a maneira de viver. Renasceram as normas ditadas por Aristóteles e Horácio; imitou-se Virgílio. Buscou-se o belo na nobreza, que ditava o conceito de beleza. Julgavam os renascentistas terem os gregos e romanos atingido o auge da civilização – era importante restaurá-la. A humanidade valorizou o homem, transformando-o em centro do universo. A estátua de David, de Michelangelo, não seria possível na Idade Média – gigantesco, musculoso e nu, retratando a grandeza do homem renascentista. A universalidade incorporou o mar entre os elementos medievais, que só conheciam a terra e o céu. O Renascimento descobriu o mar e lhe deu primazia. O homem renascentista desbravou os oceanos, lutou com as tempestades em alto-mar, conquistou “mares nunca dantes navegados” e voltou ao ponto de partida.


=O classicismo foi, no plano literário, o retrato vivo da Renascença. Os escritores clássicos do Renascimento seguiram de perto a literatura da Antigüidade, cujos modelos foram imitados ou adaptados à realidade da época. Como conseqüência, suas obras revelaram, na estrutura formal, a rigidez das normas de composição de acordo com os padrões consagrados pela tradição greco-latina. Em seu conteúdo, mostravam o paganismo, o ideal platônico de amor e outras marcas específicas da tradição antiga.As notas medievais quinhentistas contêm um impulso que se tornou presente, explicitamente ou não, ao longo de toda a literatura portuguesa, cruzando os séculos. 

Seus lirismos tradicionais, caracterizados por ser antimetafísico, popular, sentimental e individualista, irá dialogar com as novas modas e sobreviverá. A própria força da terra portuguesa, chamando os escritores para o seu convívio, explica a permanência desse remoto lirismo através dos séculos.A definição do novo ideário estético em Portugal deu-se em 1527, com o regresso de Sá de Miranda da Itália, trazendo uma valiosa bagagem doutrinária. Sua influência foi decisiva na produção e promoção do novo gosto literário.
I- Contexto Histórico
No início do século XIV, inúmeros fatores conjugados e articulados criaram as condições para o início da nova arte. No plano econômico, o renascimento comercial reativou o intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente. No plano social, a urbanização gerou as condições de uma nova cultura, sendo as cidades o pólo de irradiação do Renascimento. A ascensão social e econômica da burguesia propiciou apoio e financiamento ao desenvolvimento cultural.
O aperfeiçoamento da imprensa por Gutenberg (Johann Gensfleish), teve especial importância no século XVI, embora não seja considerado um fator direto do Renascimento, pois seus efeitos só começaram a ser efetivamente sentidos no último século do movimento renascentista. Em 1455, foi publicado o primeiro livro europeu impresso com tipos móveis.

A obra, que era uma tradução latina da Bíblia, levou mais de dois anos para ficar pronta e ficou conhecida como a Bíblia de Gutenberg, com uma tiragem de quase duzentos exemplares.Em Portugal, verificou-se o fim do monopólio do clero em relação à cultura. D. João II, que reinou de 1521 a 1557, criou a Universidade de Coimbra e o Colégio das Artes, também em Coimbra, onde introduziu o ensino do latim, do grego, da matemática, da lógica e da filosofia.Os filhos dos burgueses começaram a freqüentar as universidades, tomando contato com uma cultura desligada dos velhos conceitos medievais. A nova realidade econômica gerada pela decadência do feudalismo e o fortalecimento da burguesia exigiram uma nova cultura, mais liberal, antropocêntrica e identificada com o mercantilismo.

O momento histórico vivido pela dinastia de Avis, com a centralização do poder, as Grandes Navegações e o comércio, foi propício aos novos conceitos veiculados na Itália.

“Os portugueses dos séculos XV e XVI provaram pela experiência e pela dedução científica: que o oceano Atlântico era navegável e estava livre de monstros; que o mundo equatorial era habitável e habitado; que era possível navegar sistematicamente longe da costa e conseguir perfeita orientação pelo Sol e pelas estrelas; que a África tinha uma ponta meridional e que existia um caminho marítimo para a Índia; que as pseudo-Índias descobertas por Colombo, eram, na realidade, um novo continente separando a Europa da Ásia oriental e que as três Américas formavam um bloco territorial contínuo; que a América do Sul tinha um ponto meridional como a África e que existia um outro caminho marítimo para a Índia por ocidente; que os três oceanos comunicavam entre si; que a Terra era redonda e circunavegável”.
II- Características
busca do homem universal – passaram o mundo, o homem e a vida a serem vistos sob o prisma da razão. O homem renascentista procurou entender a harmonia do universo e suas noções de Beleza, Bem e Verdade, sempre baseando seus conceitos no equilíbrio entre a razão e a emoção. Estavam longe de aceitar a "arte pela arte", ao modo parnasiano do século XIX, mas apresentavam um alto objetivo ético: o do aperfeiçoamento do homem na contemplação das paixões humanas postas em arte - a catarse grega.

valores greco-latinos –
os renascentistas adotaram a mitologia pagã, própria dos antigos, recorrendo a entidades mitológicas para pedir inspiração, simbolizar emoções e exemplificar comportamentos. Consideravam que os antigos haviam atingido a perfeição formal, desejando os artistas da Renascença reproduzi-la e perpetuá-la.

busca do homem universal – passaram o mundo, o homem e a vida a serem vistos sob o prisma da razão. O homem renascentista procurou entender a harmonia do universo e suas noções de Beleza, Bem e Verdade, sempre baseando seus conceitos no equilíbrio entre a razão e a emoção.
Estavam longe de aceitar a "arte pela arte", ao modo parnasiano do século XIX, mas apresentavam um alto objetivo ético: o do aperfeiçoamento do homem na contemplação das paixões humanas postas em arte - a catarse grega.

valores greco-latinos – os renascentistas adotaram a mitologia pagã, própria dos antigos, recorrendo a entidades mitológicas para pedir inspiração, simbolizar emoções e exemplificar comportamentos. Consideravam que os antigos haviam atingido a perfeição formal, desejando os artistas da Renascença reproduzi-la e perpetuá-la.

novas medidas e formatos
– surgiram novas formas de composição, como o soneto, o verso decassílabo e a oitava rima, que foram introduzidas em Portugal por Sá de Miranda.

consciência da Nação – no Renascimento português, além da consciência do homem como um ser universal, surgiu uma forte consciência de Nação, devido às grandes navegações, que transformaram o povo em heróico.

ORTOGRAFIA - DICAS